O Comitê de Política Monetária (Copom) concluiu sua reunião há pouco, anunciando a sétima redução consecutiva na taxa básica de juros brasileira, a Selic. Com uma diminuição de 0,25 pontos percentuais, a taxa agora se situa em 10,50%.

Essa trajetória de redução teve início em agosto de 2023, e a atual queda coloca a Selic abaixo do seu ponto mais baixo registrado nos últimos 2 anos, que foi de 10,75% ao ano em março de 2022. Entre março de 2021 e agosto de 2022, o Copom aumentou a Selic por 12 vezes consecutivas, respondendo a pressões inflacionárias decorrentes do aumento nos preços de alimentos, energia e combustíveis.

Essa redução de 0,25 ponto percentual está alinhada com as projeções do último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (6), no qual os analistas financeiros entrevistados pelo Banco Central revisaram a estimativa para a taxa básica de juros para o final de 2024, elevando-a de 9,50% para 9,63%.

Redução da Selic já era aguardada por especialistas do mercado

As expectativas em relação à taxa básica de juros se consolidaram, em meio à turbulência do cenário internacional e aos crescentes desafios fiscais nacionais. A permanência dos juros nos EUA em seu nível mais alto em mais de duas décadas e a instabilidade doméstica levaram o mercado a antecipar uma desaceleração no ritmo de redução da Selic, confirmada na reunião realizada nesta quarta-feira (8).

De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Valor, das 118 instituições financeiras consultadas, 78 projetam um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, enquanto outras 40 ainda viam espaço para uma redução mais agressiva, de 0,5 ponto percentual. 

A mudança na comunicação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, desempenhou um papel crucial na consolidação das expectativas em torno de um corte mais modesto. No mês anterior, Campos Neto indicou que, em meio à incerteza global, o Banco Central poderia ajustar seu cenário-base, o que contribuiu para a atual postura cautelosa do mercado.

Quais os impactos da queda da Selic nos investimentos?

A queda da Taxa Selic pode ter diversos impactos nos investimentos, e os principais são:

  • Renda Fixa: Investimentos em renda fixa, como CDBs, Tesouro Direto e títulos de renda fixa privados, tendem a oferecer retornos menores quando a Selic cai. Isso porque esses investimentos estão frequentemente atrelados à taxa básica de juros, e uma redução na Selic geralmente se traduz em menores ganhos para os investidores que possuem esses ativos.
  • Renda Variável: Em geral, a queda da Selic pode impulsionar a renda variável, incluindo ações e fundos imobiliários. Com a taxa básica de juros mais baixa, investidores podem buscar alternativas de investimento com maior potencial de retorno, como o mercado de ações, em busca de ganhos maiores.
  • Crédito: Com a redução da Selic, os juros cobrados em empréstimos e financiamentos também tendem a diminuir. Isso pode estimular o consumo e o investimento, já que o custo do crédito se torna mais acessível para empresas e consumidores.
  • Inflação: Reduções na Selic podem impactar a inflação, uma vez que juros mais baixos podem estimular o consumo e o investimento, aumentando a demanda por bens e serviços. Isso pode potencialmente levar a pressões inflacionárias, dependendo das condições econômicas gerais.
  • Câmbio: A queda na taxa de juros pode influenciar as taxas de câmbio, especialmente se a redução na Selic levar a uma maior entrada de capital estrangeiro em busca de maiores retornos. Isso pode afetar a taxa de câmbio, valorizando ou desvalorizando a moeda nacional em relação a outras moedas.
Pedro Gomes

Jornalista desde 2021, com experiência em jornalismo esportivo, mercado imobiliário e EdTechs (startups de educação). Desde 2023, faz parte da equipe do Melhor Investimento, onde produz conteúdos focados no mercado financeiro. Suas áreas de interesse incluem renda fixa, bolsa de valores e mercado esportivo. Com o objetivo de simplificar temas complexos e tornar as informações acessíveis e relevantes, busca auxiliar os leitores na tomada de decisões estratégicas e na identificação de tendências e oportunidades de investimento.