Comércio sem dólar: Brasil e China se aproximam de acordo
Foi anunciada nesta quarta-feira (29) a criação de uma “Clearing House” (ou Câmara de Compensação) entre os governos do Brasil e da China. A ideia de criar a instituição bancária entre as nações visa estabelecer o comércio e os investimentos bilaterais entre as moedas locais, o real brasileiro e o yuan chinês A medida também […]

Foi anunciada nesta quarta-feira (29) a criação de uma “Clearing House” (ou Câmara de Compensação) entre os governos do Brasil e da China. A ideia de criar a instituição bancária entre as nações visa estabelecer o comércio e os investimentos bilaterais entre as moedas locais, o real brasileiro e o yuan chinês
A medida também possibilitará o fechamento de negócios e a concessão de empréstimos entre os países sem a necessidade de usar o dólar americano como moeda para a transação internacional.
Na prática, trata-se de um banco escolhido pelo governo chinês – o ICBC – com liquidez na moeda chinesa para fazer a compensação das divisas diretamente. O empresário no Brasil receberia em yuan e faria, neste mesmo banco, a troca pelo real.
Uma das estratégias adotadas pela China em sua política externa e financeira é reduzir a dependência do dólar, aumentando a circulação do yuan chinês. Recentemente, o presidente Xi Jinping assinou acordos com a Arábia Saudita e a Rússia para o uso do yuan nas transações comerciais. Embora represente apenas cerca de 2% dos pagamentos globais, a participação do RMB está em crescimento, especialmente na Ásia.
De acordo com um relatório divulgado em novembro do ano passado pelo Banco Popular da China (PBC, o banco central chinês), havia 27 bancos de câmara de compensação de moeda chinesa fora da China continental em 25 países e regiões diferentes, como Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Luxemburgo, Suíça, Catar, Taiwan, Coreia do Sul, Cingapura e Austrália.
Para a Ministra de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, a “maior previsibilidade das taxas de câmbio” é muito importante para investidores e comerciantes.
Segundo ela, os impostos sobre transações de câmbio são um dos pontos mais questionados por parceiros chineses no Brasil, e o comércio em moeda local poderia contribuir para o incremento das trocas bilaterais.
A balança comercial entre os dois países alcançou U$ 150 bilhões no ano passado, e os investimentos diretos da China no Brasil chegaram ao acumulado de U$ 70 bilhões.
Veja também: