O Brasil está sendo alertado sobre os riscos de ser o próximo país a enfrentar sanções comerciais dos Estados Unidos. O ex-vice-presidente do Banco Mundial e economista Otaviano Canuto, em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que é apenas uma questão de tempo até que o governo de Donald Trump amplie seu pacote de tarifas, e o Brasil pode ser atingido, principalmente nos setores de aço e alumínio. Com a crescente escalada protecionista americana, o Brasil precisa se preparar para possíveis medidas de retaliação que, no entanto, têm suas limitações devido à dependência comercial com os EUA.

Os mercados globais enfrentam forte volatilidade devido às ações de Donald Trump, presidente dos EUA, que anunciou um novo pacote de tarifas contra países como México, Canadá e China. Segundo Canuto, essa política protecionista pode ser estendida a outros países, com o Brasil figurando como um dos possíveis alvos, especialmente nas áreas de exportação de aço e alumínio.

Canuto explica que, com as sanções comerciais que já afetam outros países, é praticamente inevitável que o Brasil seja atingido em algum momento. O impacto sobre o mercado pode ser imediato, afetando tanto as exportações brasileiras quanto o equilíbrio comercial internacional. Além disso, a imposição de novas tarifas pode desencadear um efeito cascata nos preços de produtos importados para os EUA e pressionar ainda mais a inflação global.

Embora não haja uma data exata para o anúncio de tarifas específicas contra o Brasil, Canuto sugere que o governo americano ampliará suas ações protecionistas nos próximos meses. A velocidade com que essas sanções serão impostas dependerá das relações comerciais e políticas entre os dois países, bem como das respostas da administração brasileira às tarifas atuais.

O principal foco de preocupação no Brasil está nas indústrias de aço e alumínio. Esses setores podem ser diretamente afetados pelas tarifas impostas pelos EUA, que já vêm sendo um ponto crítico na relação comercial entre os dois países. Para os produtores brasileiros, a imposição de tarifas pode prejudicar a competitividade no mercado internacional, reduzindo as exportações e aumentando a pressão sobre a economia local.

Além disso, a escalada protecionista de Trump pode afetar as cadeias produtivas globais, já que o Brasil é um importante fornecedor desses produtos para o mercado norte-americano. A interdependência econômica entre as duas nações torna a resposta a essas tarifas mais complexa e difícil de ser articulada de maneira eficaz.

O governo brasileiro já está tomando medidas para se proteger de possíveis retaliações, incluindo o estudo de alternativas, como a aplicação de tarifas de retaliação. No entanto, Canuto alerta que o Brasil tem uma capacidade limitada para responder a essas medidas devido à dependência econômica dos Estados Unidos, que continuam sendo um dos seus maiores parceiros comerciais. Além disso, a Organização Mundial do Comércio (OMC), que poderia atuar como mediadora, enfrenta dificuldades operacionais e não tem a mesma força de antes. O tribunal de apelação da OMC, que resolve disputas comerciais, está paralisado devido à falta de nomeação de juízes pelos EUA.

O Brasil precisa, portanto, buscar alternativas diplomáticas, mas sem muitas opções de ações unilaterais que possam não resultar em benefícios substanciais. O governo terá que considerar cuidadosamente como equilibrar suas políticas internas e externas para mitigar os impactos econômicos e proteger seus setores estratégicos.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.