A magia dos Beatles está de volta às telas! O documentário Beatles’64, produzido por Martin Scorsese, estreou na última sexta-feira, 29 de novembro, no Disney+. A produção traz uma perspectiva inédita sobre a histórica primeira turnê dos Fab Four pelos Estados Unidos, ocorrida em 1964, e promete conquistar tanto os fãs de longa data quanto as novas gerações. O filme, que marca os 60 anos dessa explosão cultural, reúne imagens raras, entrevistas com os membros da banda e outros materiais inéditos que ajudam a reviver o impacto da Beatlemania.

O impacto cultural dos Beatles nos EUA

Em fevereiro de 1964, os Beatles desembarcaram nos Estados Unidos para uma turnê que ficaria marcada na história. Mais do que um simples show de rock, essa visita representou uma mudança cultural profunda, e Beatles’64 é uma verdadeira cápsula do tempo que transporta o espectador para esse período emblemático. O documentário traz imagens inéditas e restauradas, incluindo a participação histórica da banda no The Ed Sullivan Show, assistido por 73 milhões de pessoas, um recorde na época. Essa foi uma das primeiras grandes apresentações ao vivo dos Beatles na TV americana, um marco na história da música.

O filme também revisita a importância simbólica dessa turnê, que aconteceu apenas dois meses após o trágico assassinato do presidente John F. Kennedy. Para muitos, a chegada dos Beatles representou uma espécie de catarse para um país em luto, trazendo uma nova onda de energia e esperança para a juventude americana. O documentário explora como os Beatles, com seu estilo irreverente e músicas influenciadas por artistas como Chuck Berry e Little Richard, se tornaram um ícone cultural que transcendeu fronteiras geográficas e sociais.

Novas imagens e entrevistas inéditas

Beatles’64 oferece aos fãs uma visão rara dos bastidores da turnê, trazendo imagens que até então eram desconhecidas ou difíceis de acessar. O filme é enriquecido com entrevistas exclusivas com Paul McCartney, Ringo Starr, Olivia Harrison (viúva de George Harrison) e Sean Ono Lennon (filho de John Lennon). Essas figuras, que também atuam como produtoras do documentário, compartilham suas memórias sobre aquele período, oferecendo uma perspectiva pessoal e única sobre os momentos que definiram a Beatlemania nos Estados Unidos.

Além disso, o filme conta com o material filmado pelos irmãos Albert e David Maysles, que acompanharam de perto os Beatles durante a turnê, registrando cenas íntimas e inusitadas da banda. A interação descontraída nos quartos de hotel, com os Beatles conversando enquanto fãs acampavam na porta, é uma das imagens mais emblemáticas que o documentário resgata, proporcionando uma visão mais humana e pessoal dos membros da banda, que na época estavam no centro de um frenesi midiático sem precedentes.

A história pessoal de Paul e Ringo

Entre os momentos mais emocionantes do documentário, Paul McCartney e Ringo Starr falam sobre as lembranças de sua primeira turnê pelos Estados Unidos. Paul, hoje com 82 anos, visita uma exposição sobre os Beatles no Museu do Brooklyn e compartilha suas memórias dessa época. Em uma das histórias mais engraçadas, Paul relembra a reação de seu pai ao ouvir “She Loves You”. Segundo McCartney, seu pai adorou a música, mas sugeriu que eles trocassem o “Yeah! Yeah! Yeah!” para “Yes! Yes! Yes!”, algo mais formal. Claro, a sugestão foi ignorada, e a música se tornou um dos maiores sucessos da banda.

Ringo Starr, por sua vez, apresenta algumas das roupas que usou durante a turnê e compartilha com os espectadores histórias sobre a vida no caminho. O documentário oferece uma nova visão de uma era que já está em grande parte na memória coletiva dos fãs de música ao redor do mundo.

Reação da sociedade americana à Beatlemania

O documentário também dedica um tempo significativo para explorar a reação da sociedade americana à chegada dos Beatles. A banda foi recebida com uma mistura de entusiasmo juvenil e resistência de setores conservadores. Durante a turnê, os Beatles eram alvo de intensas críticas, principalmente por seu estilo e comportamento. A mídia, em sua maioria, cobria até os menores detalhes da vida pessoal dos músicos, como o “estado de saúde” de um Beatle, e a comoção que os cercava era comparada a uma verdadeira obsessão popular. O filme também explora a indignação de figuras como Marshall McLuhan, que tentou explicar o fenômeno da Beatlemania, e Betty Friedan, que também comentou o impacto da banda na juventude, especialmente nas mulheres.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.