A Aliança Global Contra a Fome, uma das principais bandeiras do Brasil durante sua presidência no G20, tem como objetivo reunir países comprometidos com ações concretas para erradicar a fome no mundo. A adesão à aliança não se limita ao simples compromisso de apoio, mas exige que cada país apresente planos e estratégias sobre como contribuir para o cumprimento dos objetivos globais. Esta iniciativa visa não só reduzir a fome, mas também promover o desenvolvimento sustentável e a justiça social, dois pilares essenciais para garantir uma alimentação adequada e suficiente para todos.

Até o momento, 31 países já formalizaram sua adesão, com destaque para grandes potências como Estados Unidos, China, Alemanha e Reino Unido, além de países em desenvolvimento como Angola e Bangladesh. Outros 27 países já enviaram documentos que estão sob revisão, e 50 países demonstraram interesse em fazer parte dessa aliança global.

Quem está envolvido na iniciativa?

A adesão à Aliança Global Contra a Fome não está restrita a países que enfrentam problemas graves com a fome internamente. Muitos países com economias fortes e estáveis, como Japão, Alemanha, e Estados Unidos, também entenderam a importância de se envolver em uma questão que transcende fronteiras nacionais. Embora esses países possam não enfrentar problemas de fome de forma crítica, eles reconhecem que é impossível avançar no desenvolvimento econômico e social sem tratar as desigualdades alimentares, que também estão intimamente ligadas ao deslocamento de populações e a outras crises globais.

O processo de adesão e o papel do Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) tem desempenhado um papel fundamental no processo de adesão à aliança, coordenando os documentos submetidos pelos países. Segundo Fabio Veras, diretor de Estudos Internacionais do Ipea, a adesão envolve o envio de compromissos concretos e planos de ação específicos, que são analisados pela presidência brasileira do G20 e, quando aprovados, são ratificados. “Já temos 31 países com adesão confirmada, e outros 27 ainda estão aguardando aprovação”, explicou Veras durante a conferência do T20 no Rio de Janeiro.

Além da aprovação formal, o Ipea também irá abrigar um dos escritórios globais da aliança, onde serão facilitadas trocas de conhecimento e boas práticas para combater a fome. Isso inclui a promoção de políticas públicas e estratégias que possam ser replicadas em diferentes contextos nacionais.

Onde será sediada a Aliança Global Contra a Fome?

A Aliança Global Contra a Fome será oficialmente sediada na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), localizada em Roma, na Itália. No entanto, o Ipea, como um dos principais parceiros dessa iniciativa, abrigará um escritório dedicado à troca de conhecimentos e à disseminação de informações sobre programas de combate à fome. A presença do Ipea nesse processo demonstra a importância do Brasil no cenário global, não apenas como líder político, mas também como um centro de excelência em termos de pesquisa e políticas públicas no combate à fome.

Por que a Aliança Global Contra a Fome é importante?

O combate à fome é uma questão central para a segurança e a estabilidade globais. A fome e a pobreza estão interligadas com crises econômicas, sociais e ambientais, além de afetar diretamente a saúde, a educação e o desenvolvimento das populações. De acordo com Luciana Servo, presidente do Ipea, a adesão de mais de 100 países à aliança demonstra a força da liderança brasileira no contexto internacional e reforça a importância de uma abordagem global para resolver problemas que afetam milhões de pessoas ao redor do mundo.

A Aliança Global Contra a Fome também está relacionada a discussões mais amplas sobre arquitetura financeira internacional e a necessidade de uma abordagem multilateral para lidar com questões como dívida externa, tributação dos super-ricos e fontes de financiamento para políticas públicas. Essas discussões são essenciais para garantir que os países mais vulneráveis possam financiar políticas de saúde, educação e segurança alimentar sem comprometer seu desenvolvimento.

Impacto e resultados esperados

A adesão de mais de 100 países à Aliança Global Contra a Fome representa um avanço significativo no combate à fome mundial. Para Luciana Servo, esta é uma das maiores entregas da presidência brasileira do G20, pois não apenas colocou a questão da fome no centro das discussões globais, mas também trouxe uma estratégia concreta para sua resolução. “O Brasil não apenas trouxe de volta a discussão sobre fome e pobreza, mas também apresentou uma forma eficaz de implementar essas soluções”, afirmou Servo.