China e Japão chegam a acordo sobre Fukushima, abertura para retomada do comércio de frutos do mar
Na última sexta-feira (20), China e Japão anunciaram um acordo significativo que pode facilitar a retomada das exportações de frutos do mar do Japão para a China, após um período de proibição. Este entendimento surge após a controvérsia gerada pelo descarte de águas residuais da usina nuclear de Fukushima, que foi danificada durante o terremoto […]
Na última sexta-feira (20), China e Japão anunciaram um acordo significativo que pode facilitar a retomada das exportações de frutos do mar do Japão para a China, após um período de proibição. Este entendimento surge após a controvérsia gerada pelo descarte de águas residuais da usina nuclear de Fukushima, que foi danificada durante o terremoto de 2011.
O acordo firmado entre os dois países estabelece que o Japão implementará um monitoramento internacional de longo prazo sobre a água tratada que está sendo liberada no Oceano Pacífico. Além disso, permitirá que partes interessadas conduzam amostragens e monitoramentos independentes da água, assegurando maior transparência e segurança em relação à contaminação.
O anúncio foi feito em Pequim, e o acordo foi alcançado após meses de tensões entre os dois países, que começaram com a liberação da água tratada em agosto de 2023. A proibição das importações de frutos do mar japoneses pela China, devido a preocupações sobre a contaminação radioativa, impactou significativamente as exportações japonesas, que já enfrentavam dificuldades.
A proibição dos frutos do mar japoneses pela China foi imposta cerca de um ano atrás, como uma resposta à decisão da Tokyo Electric Power de liberar água tratada da usina de Fukushima no oceano. A medida gerou reações adversas e afetou o comércio, uma vez que a China era o maior mercado para os frutos do mar do Japão antes da proibição.
A retomada do comércio é crucial para a economia japonesa, especialmente para o setor pesqueiro, que sofreu uma queda acentuada nas exportações de produtos agrícolas, florestais e pesqueiros no primeiro semestre de 2024. Este período marca a primeira queda significativa nas exportações desde 2020, diretamente atribuída à proibição chinesa. Com o acordo, o Japão espera recuperar seu status no mercado chinês, o que é vital para a sustentabilidade econômica de muitos pescadores e empresas envolvidas no setor.
Enquanto o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, expressou otimismo em relação ao acordo, destacando a prontidão para o monitoramento adicional da água tratada, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, foi mais cautelosa. Ela reiterou que o acordo não implica uma retomada imediata das importações e que consultas técnicas serão necessárias antes de qualquer decisão final.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) também desempenha um papel importante neste contexto. O Japão tem enfatizado que a liberação da água tratada é segura, com a AIEA confirmando que o impacto ambiental e à saúde humana seria “insignificante”. Essa validação internacional é fundamental para restaurar a confiança no comércio de frutos do mar.
A expectativa é que, com a implementação do acordo, as importações de produtos marinhos japoneses sejam gradualmente retomadas. A China prometeu revisar suas restrições e aumentar as importações de produtos que atendam aos seus padrões de segurança. A movimentação das duas potências asiáticas pode influenciar não apenas suas economias, mas também as relações diplomáticas entre os países, refletindo uma disposição para superar desavenças e colaborar em questões de interesse mútuo.