Em tempos de incertezas econômicas, juros altos e dúvidas sobre a política monetária do Brasil, um desejo comum entre muitos brasileiros é alcançar a renda passiva. Diante desse objetivo, surge a pergunta: quanto é necessário investir para garantir uma renda mensal de R$ 10 mil, por exemplo?

Anderson Amorim da Silva, CFP®, formado em administração de empresas e sócio gestor da InvestSmart, filial Santo André, oferece uma visão detalhada sobre o tema, abordando os fatores envolvidos e as estratégias para atingir essa meta.

Neste artigo, Amorim compartilha sua experiência e orientações para quem busca viver de renda.

O que significa “viver de renda”?

Para Anderson Amorim, “viver de renda é alcançar um patrimônio financeiro que cubra todas as suas despesas, necessidades básicas, lazer e até diversão, sem depender de um trabalho convencional”. Ele ressalta que a independência financeira não é apenas um objetivo a longo prazo, mas algo que pode ser alcançado com estratégia e planejamento.

“A chave é despertar no investidor a necessidade de começar o quanto antes, saber onde ele quer chegar e fazer aportes regulares para construir seu próprio patrimônio, sem depender exclusivamente do INSS”, afirma o assessor.

Viver de renda é possível apenas na aposentadoria?

Amorim enfatiza que, embora o INSS ainda seja uma fonte de renda para muitos aposentados, o modelo enfrenta desafios devido ao aumento do número de beneficiários e à redução no número de contribuintes. 

“Com a defasagem do INSS, em alguns anos, o número de beneficiários será maior que o de contribuintes. Por isso, é essencial criar um patrimônio próprio para garantir a segurança financeira a longo prazo”, alerta.

Para aqueles que pretendem alcançar a independência financeira, Amorim sugere que o planejamento comece cedo. Isso permite a construção de um portfólio de investimentos sólido, capaz de sustentar um estilo de vida confortável e despreocupado, mesmo antes da aposentadoria.

Quanto é necessário investir para garantir R$ 10 mil mensais em renda passiva?

Veja a simulação do perfil de cliente acima. Em um cenário hipotético, uma pessoa de 30 anos que deseja ter uma renda mensal de R$ 10.000 (corrigidos pela inflação) aos 50 anos precisaria acumular um patrimônio de R$ 2.866.164,62, caso o objetivo seja consumir o patrimônio até os 100 anos. 

No entanto, se o objetivo for manter o patrimônio intacto e realizar retiradas vitalícias de R$ 10.000 por mês, o valor acumulado teria que ser de R$ 3.593.659,44.

Ou seja, investindo R$ 8.000 mensais, essa pessoa alcançaria o montante de R$ 2.866.164,62 aos 50 anos, considerando uma taxa de ganho real de 4% ao ano.

Quais os custos de inventário para destravar o patrimônio e a família conseguir usufruir do legado deixado?

Além de acumular um patrimônio para viver de renda, é importante considerar o planejamento sucessório. Em caso de falecimento, o patrimônio do investidor entra em processo de inventário, e a família precisa arcar com custos significativos para destravar esses bens e usufruir do legado deixado. Entre esses custos, destacam-se as taxas de inventário e o ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação), que variam de estado para estado.

Portanto, além de calcular o quanto é necessário investir para garantir uma renda mensal de R$ 10 mil, é essencial incluir no planejamento os custos associados à sucessão, garantindo que o patrimônio acumulado possa ser transmitido de forma eficiente e sem entraves financeiros.

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Fatores que influenciam o sucesso dessa estratégia

Alcançar a meta de R$ 10 mil mensais exige mais do que aportes financeiros regulares. Segundo Amorim, o gerenciamento de risco é crucial. “É importante não apenas garantir uma boa rentabilidade, mas também proteger o investidor contra imprevistos, como invalidez ou perda de capacidade de gerar renda”, destaca.

O especialista sugere que os investimentos sejam acompanhados de seguros e estratégias de proteção, garantindo tranquilidade financeira em qualquer circunstância.

Além disso, o planejamento deve ser personalizado para cada cliente. “Sempre pergunto ao investidor: quantos anos ele gostaria de viver de renda? Qual o valor ideal para ele? E qual é sua maior dor financeira atualmente, como a educação dos filhos ou a compra de um imóvel?”, explica Amorim.

Conclusão: é possível viver de renda?

Amorim afirma que, com o planejamento correto e disciplina, é plenamente possível viver de renda. “R$ 10 mil de renda passiva mensal é uma meta realista, mas depende da situação financeira e dos objetivos de cada investidor. O mais importante é começar o quanto antes e ajustar os aportes de acordo com as circunstâncias pessoais”, aconselha.

Fatores a considerar para viver de renda:

  • Capital inicial: Varia conforme o tipo de investimento e a rentabilidade esperada.
  • Perfil de risco: Investimentos conservadores exigem maior capital, enquanto perfis mais agressivos podem demandar menos.
  • Gerenciamento de risco: Proteção contra invalidez e perda de renda é essencial para um plano financeiro seguro.
  • Personalização: O plano de investimento deve ser adaptado às necessidades e metas do investidor.

Pedro Gomes

Jornalista desde 2021, com experiência em jornalismo esportivo, mercado imobiliário e EdTechs (startups de educação). Desde 2023, faz parte da equipe do Melhor Investimento, onde produz conteúdos focados no mercado financeiro. Suas áreas de interesse incluem renda fixa, bolsa de valores e mercado esportivo. Com o objetivo de simplificar temas complexos e tornar as informações acessíveis e relevantes, busca auxiliar os leitores na tomada de decisões estratégicas e na identificação de tendências e oportunidades de investimento.