De acordo com estudo feito pela gestora norte-americana Janus Henderson, enquanto investidores no mundo todo comemoravam os dividendos bilionários pagos no ano passado, os acionistas de empresas brasileiras enfrentaram uma situação desfavorável com as distribuições de proventos em 2023.

Isso porque os dividendos globais atingiram o recorde de US$1,66 trilhão em 2023, mas o Brasil ficou na contramão, registrando um pior desempenho quando comparado à remuneração a acionistas no ano passado. Nesse cenário, as empresas brasileiras desembolsaram 40% a menos em proventos aos investidores em 2023 frente a 2022.

A Petrobras (PETR4), por exemplo, reduziu seus pagamentos em US$10 bilhões, totalizando US$8,09 bilhões em 2023, enquanto a mineradora Vale (VALE3) diminuiu sua distribuição em US$1,2 bilhão, para um total de US$5,8 bilhões.

Com isso, o crescimento robusto dos dividendos dos bancos brasileiros foi ofuscado. O Banco do Brasil (BBAS3) lidera o pagamento entre as instituições financeiras do país, tendo distribuído US$2,65 bilhões em 2023.

Os bancos brasileiros não foram os únicos

Na verdade, o forte desempenho dos bancos brasileiros refletiu uma tendência global, com os bancos em mercados emergentes liderando o crescimento dos dividendos mundiais em 2023.

Inclusive, as instituições financeiras distribuíram um recorde de US$220 bilhões em dividendos, impulsionando metade do crescimento de proventos do mundo inteiro, especialmente devido ao aumento das margens com as taxas de juros mais altas.

O HSBC registrou o maior aumento entre todas as empresas, destacando-se como um dos três maiores pagadores de dividendos do mundo, juntamente com o China Construction Bank e o JP Morgan.

Logo, o desempenho dos bancos compensou as quedas observadas nas empresas de commodities, principalmente no setor de mineração, que sofreu uma redução de US$23 bilhões nos dividendos em comparação com o ano anterior.

Quanto às perspectivas para 2024, a Janus Henderson prevê que o ritmo de crescimento dos proventos se mantenha em relação a 2023, com dividendos de US$1,72 trilhão para 2024, apresentando um aumento de 3,9% em termos gerais.

Segundo Ben Lofthouse, diretor de renda variável global da Janus Henderson. “o efeito defasado das taxas de juros mais altas continuará a ter impacto, prevendo-se um crescimento econômico global mais lento e custos de financiamento maiores para as empresas. Mesmo assim, estamos otimistas quanto aos dividendos no próximo ano”, diz.

Ele finaliza explicando que “apesar das perspectivas incertas, os dividendos estão firmemente sustentados. O fluxo de caixa corporativo permanece robusto na maioria dos setores, oferecendo amplo potencial para distribuição de dividendos e recompra de ações”.

Gabryella Mendes

Redatora do Melhor Investimento.