A economia dos países sempre segue regras para que o equilíbrio seja alcançado. No Brasil, o tripé macroeconômico cumpre esse papel, buscando fortalecer o mercado a partir do câmbio, do comportamento fiscal e das metas inflacionárias. Por isso, ainda que não pareça em um primeiro momento, esse aspecto tem relação direta com os seus investimentos.

Por quê? A resposta passa por entender que todos os elementos que fundamentam o tripé influenciam a rentabilidade das suas aplicações financeiras. Portanto, considerá-los é uma forma de tomar uma boa decisão de investimento.

Porém, esse tema nem sempre é acessível à parte da população. Afinal, a macroeconomia pode ser um pouco difícil. Por isso, vamos descomplicar neste post. Que tal ler e entender como esse conhecimento pode ajudar nos seus investimentos?

O que é tripé macroeconômico?

O tripé macroeconômico é uma metodologia empregada em diferentes países para equilibrar os aspectos que formam a macroeconomia. Assim, a política passa a ser embasada no câmbio flutuante, nas metas fiscais e nas metas inflacionárias. Esses 3 fatores buscam contribuir com toda a economia, tanto no curto quanto no longo prazo.

Nesse sentido, você deve entender que a macroeconomia abrange o comportamento geral da economia. Entre eles estão: 

  • taxas de inflação e desemprego;
  • produção total de bens e serviços;
  • expansões;
  • recessões;
  • crescimento da produção;
  • taxas de câmbio;
  • balanço de pagamentos.

Portanto, a macroeconomia é um campo de estudo que avalia o impacto das políticas econômicas e monetárias em vários aspectos. Por exemplo: 

  • consumo;
  • dólar;
  • investimentos;
  • balanço comercial;
  • taxas de juros;
  • dívida interna;
  • orçamento federal;
  • estoque de moeda.

No Brasil, o tripé macroeconômico foi adotado no governo de Fernando Henrique Cardoso, mais precisamente em 1999. A ideia foi evitar os problemas de inflação descontrolada, enfraquecimento das reservas internacionais e desregramento nos gastos públicos.

Depois disso, foi mantido em maior ou menor nível pelos governos posteriores. Portanto, ainda tem influência fundamental na sua vida.

Para que serve o tripé macroeconômico?

O tripé macroeconômico serve para embasar a política econômica do país que o adota. Para isso, busca fazer o controle da inflação para haver a estabilidade de preços, o equilíbrio das contas públicas para a melhoria do aspecto fiscal e a livre variação da taxa de câmbio por meio do modelo flutuante. 

Assim, há mais estabilidade na gestão e no crescimento econômico federal. Como isso influencia os investimentos? Basicamente, quando há mais estabilidade na economia, os investidores locais e internacionais se sentem mais confiantes para alocar seu capital em ativos nacionais e relacionados à gestão do país.

Outro fator de relevância se refere à eficiência fiscal do governo. Com resultados melhores devido ao tripé da macroeconomia, os credores internacionais investem mais no Brasil, porque há um risco de calote menor para quem financia atividades da União.

Da mesma forma, essa é uma maneira de garantir a manutenção do poder de compra da moeda local, no caso brasileiro, o real. Afinal, como a inflação é mantida sob controle, as pessoas têm capacidade de consumo. 

Isso movimenta a economia, inclusive o comércio exterior devido à demanda existente. Aqui, entra ainda o câmbio flutuante, que assegura a confiança internacional.

Qual a importância do tripé macroeconômico?

A importância do tripé macroeconômico é estabilizar a gestão e o crescimento econômico de um país por meio do controle da inflação, do valor da moeda e do endividamento da União. 

Assim, ele traz impactos positivos para o equilíbrio fiscal, evitando dificuldades no que se refere às contas públicas. Com isso, o país se torna um mercado confiável e com bom desenvolvimento.

Em outras palavras, há um processo de consolidação econômica, que pode gerar o aumento do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significa que a economia tem bons resultados, o consumo está em um patamar interessante, a taxa de desemprego está baixa e há oportunidades para os investidores rentabilizarem com os produtos financeiros.

Para entender exatamente a importância do tripé macroeconômico, vale a pena entender como era a política econômica brasileira antes de 1999. Até então, o câmbio era fixo, isto é, o governo definia o valor da moeda de maneira artificial.

O modelo adotado era a banda cambial. Nesse regime, o Banco Central (Bacen) determinava um piso e um teto para o valor da moeda. Isso continha os impactos do déficit do balanço de pagamentos ocasionado pelo grande volume de importações.

Contudo, essa medida também abalava a confiança internacional no Brasil. Com isso, houve prejuízos na captação de investimentos, o que gerava um déficit ainda maior do balanço de pagamentos. 

Isso também acabou com as reservas internacionais, porque o Bacen precisava vender dólares com frequência para manter o valor da moeda americana. Portanto, a mudança se tornou necessária para trazer confiança aos investidores internacionais. Ao mesmo tempo, permitiu que a economia se tornasse mais estável.

Um exemplo dessa situação é a hiperinflação. O tripé da macroeconomia ajuda a manter o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sob controle. Sem isso, há o aumento descontrolado dos preços, levando à perda do poder de compra e a dificuldades para a qualidade de vida e para a manutenção da produção nos diferentes setores.

Como funciona o tripé macroeconômico?

O tripé macroeconômico funciona com base em 3 elementos principais. Veja quais são eles.

Câmbio flutuante

É o regime cambial em que o valor da moeda oscila conforme a lei da oferta e demanda. Ou seja, não existem influências artificiais na definição da taxa. Com isso, ela apenas reflete a percepção de risco existente sobre o país.

Esse é o motivo pelo qual há variação do dólar com frequência. Afinal, há compra e venda da moeda americana o tempo todo, o que impacta a taxa de câmbio. O mesmo movimento ocorre no mercado internacional com o real, gerando oferta e demanda.

Portanto, isso influencia a negociação da moeda e até mesmo os investimentos. Por exemplo, se aumentar a quantidade de investidores estrangeiros no Brasil, a oferta de dólar cresce e o câmbio cai. Com isso, o real é valorizado. O inverso também acontece.

Em situações de grande estresse no mercado, o Bacen intervém, mesmo no regime de câmbio flutuante. Assim, ele movimenta o mercado a fim de controlar uma desvalorização significativa da moeda brasileira.

Metas de inflação

Todo ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN) — órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional (SFN) — define a meta de inflação a ser seguida no período seguinte. Essa é a referência utilizada para manter os preços de produtos e serviços sob controle.

O indicador oficial da inflação no Brasil é o IPCA. Assim, existe um piso e um teto, com uma meta central a ser perseguida. Por exemplo, em 2023, é de 3,25%. Para ficar nesse patamar, o Bacen pode utilizar alguns instrumentos. O principal é a taxa Selic.

Por ser o índice de referência dos juros cobrados no mercado, a Selic consegue controlar a inflação. A relação é a seguinte: se a taxa aumenta, fica mais caro conseguir crédito no mercado. Com isso, a demanda diminui e os preços tendem a reduzir. Assim, o IPCA sofre uma baixa.

Portanto, o tripé macroeconômico é um dos fatores considerados na análise do Comitê de Política Monetária (Copom). A entidade se reúne a cada 45 dias e define o percentual da Selic, considerando a inflação e outros aspectos da macroeconomia.

É importante saber que, caso o governo ultrapasse a meta de inflação estabelecida, precisa explicar por que isso ocorreu de forma pública. Além disso, precisa indicar quais providências serão tomadas para voltar ao patamar esperado.

Metas fiscais

Por fim, a meta fiscal busca restringir os gastos do governo durante o ano. No Brasil, essa definição é feita pelo Congresso via Lei Orçamentária Anual (LOA). Isso faz com que seja necessário cumprir o teto de gastos. Qualquer despesa que ultrapasse esse limite deve ser autorizada pela Câmara e pelo Senado.

O objetivo é garantir o superávit ou controlar a alta do déficit, quando há desequilíbrio das contas. De toda forma, isso traz mais confiança aos credores.

Como usar o tripé macroeconômico nos investimentos?

O tripé macroeconômico deve ser usado para analisar os investimentos e identificar oportunidades. Isso porque ele impacta o dia a dia e a inflação. As distorções no IPCA afetam a Selic, que interfere nos ganhos da renda fixa, especialmente. 

Além disso, a meta fiscal e o câmbio flutuante tornam o mercado mais confiável, atraindo investidores estrangeiros. Como consequência, o mercado e a industrialização do país são fortalecidos.

Por isso, conhecer os detalhes do tripé macroeconômico ajuda a compreender a economia e o mercado financeiro. Com isso, você consegue tomar decisões mais embasadas, além de identificar oportunidades para compor a sua carteira de investimentos de maneira a otimizar a rentabilidade.

Afinal, o tripé permite chegar a algumas conclusões. Entre as principais estão: 

  • como está o nível de confiança dos investidores e se há tendência de entrada de recursos externos no Brasil;
  • se o governo cumprirá a meta de inflação e se a rentabilidade dos investimentos terá ganho real;
  • qual é o rumo da Selic e da política monetária;
  • qual é a previsibilidade do câmbio;
  • como está o selo de garantia e rating para o ambiente de negócios;
  • qual é a previsão para emissão de títulos públicos, já que essa medida é adotada em casos de déficit fiscal para financiamentos de gastos a taxas menores.

Portanto, o tripé impacta vários aspectos dos investimentos. A partir disso, você também identifica onde é melhor alocar seu dinheiro. Por exemplo, se o câmbio estiver em alta, você pode optar por especular com derivativos para rentabilizar com a oscilação da moeda.

Por outro lado, se o IPCA aumentar, a Selic tende a ser elevada. Com isso, os investimentos em renda fixa se tornam mais atraentes. Ou seja, esses aspectos estão interligados, mesmo que pareça que não em um primeiro momento.

Ainda assim, é fundamental considerar seu perfil de investidor e seus objetivos financeiros na hora de investir. Sem contar que precisa montar uma carteira diversificada. Dessa forma, os resultados alcançados tendem a ser melhores.

Afinal, o entendimento do tripé macroeconômico fornecerá todas as informações necessárias para as suas decisões. Por isso, vale a pena compreender esse conceito e saber aplicá-lo à sua estratégia de investimentos.E você, quer ver mais informações úteis para atuar no mercado financeiro? Siga as redes sociais da Melhor Investimento: Facebook e Instagram.

Equipe MI

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