Como as sanções econômicas entre países afetam os seus investimentos?
Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em fevereiro de 2022, a pauta das sanções econômicas internacionais circula com força nos noticiários. Nesse período, diversas nações anunciaram medidas punitivas ao Estado russo como contrapartida pelas ações do presidente Vladimir Putin. Liderados pelos Estados Unidos, os países que fazem parte da Organização do Tratado […]

Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em fevereiro de 2022, a pauta das sanções econômicas internacionais circula com força nos noticiários. Nesse período, diversas nações anunciaram medidas punitivas ao Estado russo como contrapartida pelas ações do presidente Vladimir Putin.
Liderados pelos Estados Unidos, os países que fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidiram impor medidas restritivas à economia russa que, na prática, limitavam as transações comerciais.
Essas providências são comuns em momentos de conflito. O que talvez seja novidade para você é que as sanções econômicas podem influenciar diretamente em seus investimentos. Neste artigo, explicamos, de modo geral, como esses embargos aplicados contra o governo russo afetam a economia e o mercado financeiro.
O que são sanções econômicas?
Na política internacional, as sanções econômicas são instrumentos diplomáticos que visam enfraquecer a posição de um determinado Estado por meio de restrições e perdas financeiras. Na prática, consistem em medidas coercitivas aplicadas por países ou organizações visando punir outra nação, exercer pressão política ou promover mudanças de posicionamento.
Elas podem envolver restrições comerciais, como a suspensão de importações e exportações, a proibição de determinadas transações, o congelamento de ativos financeiros, a limitação do acesso ao sistema financeiro internacional, a interrupção no fornecimento de tecnologia ou insumos, entre outros tipos de embargos.
Em termos de exemplos práticos, essas punições podem ser adotadas para pressionar um país a cumprir leis internacionais, respeitar os direitos humanos e a democracia, acabar com atividades ilegais ou cessar conflitos.
A ideia é que a privação de algum produto ou relação torne insustentável a possibilidade do país-alvo manter a mesma posição que levou à crise e agilize a resolução da questão.
No caso do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, as sanções econômicas foram aplicadas principalmente com a pretensão de:
- promover retaliação ao país pela invasão;
- desencorajar o apoio dos oligarcas russos ao Governo Putin;
- pressionar e enfraquecer o governo para inviabilizar a continuidade da guerra.
Como essas sanções afetam o mercado financeiro e os investimentos?
De modo geral, as sanções econômicas afetam o mercado financeiro ao aumentar o nível de incerteza do cenário econômico global, o que leva os investidores a adotarem posturas mais cautelosas em suas aplicações. Por sua vez, essa tendência muda as dinâmicas de oferta e demanda de ativos de renda fixa e variável.
Para facilitar a compreensão sobre os impactos de tais medidas, traremos como exemplo algumas das represálias adotadas contra a Rússia. As mais significativas foram a exclusão de algumas instituições financeiras do Swift e a proibição da realização de transações econômicas com o Banco Central do país.
A exclusão da Rússia do sistema Swift
O Swift é o sistema de transferência de recursos entre nações. Por meio dele, empresas multinacionais, governos e investidores podem realizar transações entre si, o que viabiliza o sistema financeiro mundial. Por isso, excluir parte dos bancos de um país do Swift é uma medida de forte impacto econômico.
Entretanto, esse impedimento não afeta somente a Rússia, mas também outros países que são seus parceiros comerciais. A Rússia é uma grande exportadora de commodities e de minerais como o alumínio, além de ser uma das principais produtoras de petróleo e gás do planeta. Inclusive, é o maior fornecedor de gás natural da região.
O enfraquecimento das cadeias produtivas e de financiamento na Rússia se reflete de forma direta na oferta desses bens. Assim, com a Rússia “fora do jogo”, essas e outras transações comerciais ficam interrompidas, o que causa um abalo aos seus parceiros. Uma das consequências é o encarecimento dos alimentos e bens industriais ao redor do globo.
O congelamento de reservas
Outra medida tomada contra o governo russo e que tem impacto direto na economia é o congelamento de suas reservas internacionais. Ao vetar as transações com o Banco Central do país, o que se faz efetivamente é proibir que seu governo venda parte de suas reservas em moedas estrangeiras, como o dólar.
Na prática, esse veto faz com que os recursos do país fiquem congelados, ou seja, não possam ser usados para nada.
O boicote de grandes companhias à Rússia
Várias gigantes do mercado deixaram, voluntariamente, de negociar com o governo do país, temendo embargos econômicos. A Apple e a Coca-Cola, por exemplo, foram duas das primeiras a interromperem os laços com o país.
O resultado disso foi uma grande onda de aversão ao risco, que levou à valorização generalizada dos títulos de renda fixa de longo prazo emitidos pelos governos das nações desenvolvidas.
Consequências das sanções econômicas para o mercado brasileiro
Todo esse cenário gerou consequências graves para o mercado financeiro ao redor do mundo. Ocorreu um processo de pressão inflacionária em escala global, o que acabou forçando os bancos centrais dos países a atuarem, aumentando as taxas de juros. Isso pôde ser observado inclusive no Brasil, com uma elevação significativa da Selic para conter a inflação.
Além disso, o Brasil exporta diversos produtos agropecuários para a Rússia, como grãos, café, carne, soja, açúcar e amendoim. A limitação das transações comerciais entre os países diminui as exportações e, consequentemente, o aporte de dólares na economia brasileira.
Outra consequência das sanções econômicas impostas à Rússia é o aumento dos preços de ativos específicos.
Esses embargos aumentam as incertezas do mercado. Isso inevitavelmente faz com que os preços de moedas fortes, como o dólar, de metais preciosos, como o ouro, e dos ativos financeiros de economias mais desenvolvidas, como os títulos de renda fixa do Tesouro Americano, aumentem.
Esse fenômeno é fruto da busca dos investidores em proteger e evitar riscos nesses momentos de dúvida, priorizando as aplicações em economias consolidadas e produtos financeiros de baixo risco. Isso aumenta a procura por tais ativos no mercado e, consequentemente, leva à valorização.
Por outro lado, moedas e ações de países emergentes, como o Brasil, têm uma tendência de vendas e sofrem uma desvalorização na Bolsa.
Nesse contexto, as sanções econômicas impostas a um país do outro lado do mundo culmina na busca de muitas pessoas em entender como se proteger financeiramente num cenário tão delicado e evitar prejuízos financeiros com seus investimentos. É disso que trataremos a seguir.
Como proteger seus investimentos num contexto de sanções econômicas?
Há diversas maneiras de proteger seus investimentos em meio a sanções econômicas que impactam a economia global. Uma das principais alternativas é manter parte de seu capital aplicado em ativos resguardados contra a inflação, um dos fenômenos mais afetados por tal cenário político-econômico.
Também pode ser interessante aproveitar oportunidades pontuais, como o investimento em commodities, que estão em alta desde a deflagração do conflito.
Além disso, a incerteza desse cenário exige a diversificação dos investimentos, em vez de apostar num só ativo ou mercado. Essa variação deve se dar em termos de aplicações — com ativos distintos entre renda fixa e variável, fundos de investimento, ações, entre outros — e também em termos geográficos, destinando parte dos recursos a outras economias além da brasileira.
Em suma, por mais estranho que possa parecer, os embargos aplicados contra um país do Leste Europeu podem afetar seus investimentos direta ou indiretamente. Afinal, as sanções econômicas levam a um cenário global de incertezas.
Nesse sentido, contar com ajuda profissional pode fazer toda a diferença! Afinal, um especialista no mercado financeiro acompanha os investimentos de perto e está apto a tomar as melhores decisões, mesmo em momentos críticos.
Para saber como construir uma carteira eficiente e adequada aos seus objetivos, considere contar com o apoio de uma assessoria de investimentos especializada, como a InvestSmart.
Resumindo
O que significam sanções econômicas?
Sanções econômicas são medidas punitivas impostas por países (isolados ou conjuntamente) como forma de exercer pressão política ou punir um governo por comportamentos específicos que podem ser desrespeito aos direitos humanos, ao meio ambiente, ataque à democracia, entre outros. Elas consistem em limitar as relações comerciais do Estado sancionando, visando sua desestruturação.
Quais são os tipos de sanções econômicas?
As sanções econômicas podem ser de vários tipos. Essas medidas podem incluir restrições à importação e à exportação de bens de consumo, ao acesso ao mercado financeiro internacional ou a determinados ativos, ao fornecimento de matérias-primas ou tecnologia, entre outras alternativas.
Como proteger seu dinheiro no contexto de sanções econômicas?
As sanções econômicas costumam afetar a inflação da economia. Por isso, vale a pena manter em seu portfólio de ativos protegidos da inflação. Também é importante ter uma carteira diversificada, inclusive com variação geográfica: aplique parte do seu dinheiro em outros países para diminuir a exposição ao risco.