Banking as a Service (BaaS): a tecnologia de inovação do setor bancário
No dinâmico mercado de serviços financeiros, o conceito Banking as a Service, ou apenas BaaS, está ganhando cada vez mais destaque. Imagine um cenário onde qualquer empresa, independentemente de seu ramo de atuação, pode proporcionar aos clientes e parceiros uma gama de serviços financeiros, sem precisar se regulamentar como um banco.
Essa é a ideia do BaaS, uma tendência que está moldando o futuro do setor financeiro globalmente. Segundo a agência Future Market Insights, espera-se que o alcance do BaaS atinja a impressionante marca de US$ 12,2 bilhões até 2031, com um crescimento anual estimado em 15,7%.
E o Brasil, em particular, destaca-se como um dos maiores consumidores desse modelo inovador. Um estudo do Instrospective Market Research (IMR) revela que o país gerou mais de US$ 1,3 bilhão em receita por meio do BaaS em 2021, representando cerca de 73% do total faturado em toda a América Latina (US$ 1,9 bilhão).
Mas afinal, o que é exatamente Banking as a Service (BaaS)? E como ele funciona? Para responder esta e outras perguntas pertinentes ao tema, o Melhor Investimento elaborou um guia completo com tudo que você precisa sobre o modelo, que promete ser a nova tendência do setor de serviços financeiros.
O que é BaaS?
Em tradução livre para o português, Banking as a Service significa algo como “Banco como Serviço”. Trata-se de uma solução tecnológica revolucionária que permite a empresas de diversos setores oferecer serviços financeiros, mesmo que a bancarização não seja sua atividade principal.
Em suma, por meio do BaaS, caso uma determinada empresa deseje, com a própria marca e modelo de negócios, disponibilizar cartões (crédito ou débito), contas digitais, empréstimos, e outros serviços de mesma natureza, ela não precisa necessariamente se tornar um banco ou uma instituição financeira.
Isto é possível, pois, empresas interessadas em fornecer tais soluções, são conectadas a organizações que já operam com serviços financeiros, a exemplo de bancos e fintechs. Esta conexão será viabilizada pelas chamadas APIs (Interface de Programação de Aplicações, em português), que é, justamente, a responsável pela comunicação entre o fornecedor e a empresa contratante.
Resumidamente, a essência do Banking as a Service é “democratizar” os serviços financeiros. Essa abordagem possibilita que empresas de todos os tipos ofereçam serviços atrativos aos seus clientes sob sua própria marca, sem depender de outras instituições.
Como o BaaS funciona?
Para facilitar a compreensão, é essencial identificar os principais envolvidos nessa dinâmica, e seus respectivos papeis. Em primeiro lugar, temos um fornecedor, representado por instituições financeiras como fintechs ou bancos, que disponibilizam uma plataforma para empresas de diversos setores oferecerem serviços financeiros.
Na segunda etapa da equação, temos o contratante, que é uma empresa de algum setor específico (financeiro ou não) interessada em começar a oferecer serviços financeiros. Para tal, a contratante precisará estabelecer uma conexão com o fornecedor.
Nesse processo geralmente, o contratante concentra seus esforços na escolha dos serviços financeiros, que serão disponibilizados ao cliente final, e como isto será adaptado ao seu modelo de negócios. Enquanto isso, a responsabilidade pelo cumprimento das normas, legislações e regulamentações necessárias, fica a cargo do fornecedor.
Por fim, temos as já citadas APIs, plataformas que permitem a interação entre diversos softwares simultaneamente, sendo ela então, a responsável por fazer a ponte entre o contratante e o fornecedor do BaaS.
Exemplo prático:
Como exemplo dessa dinâmica na prática, vamos considerar uma loja de varejo que deseja oferecer opções de financiamento e cartões exclusivos para seus clientes sem ter que se tornar uma instituição financeira.
Em vez de construir toda uma infraestrutura bancária necessária, e lidar com os desafios regulatórios e as complexidades operacionais de oferecer crédito diretamente, a loja pode optar por integrar os serviços de uma plataforma de BaaS.
Um exemplo emblemático é a Magazine Luiza (contratante), gigante do e-commerce, que começou a oferecer cartões de crédito com vantagens exclusivas para seus clientes, bem como uma conta digital. No entanto, os serviços são gerenciados pelo Banco Itaú (fornecedor).
Serviços disponíveis através do Banking as a Service
Em geral, plataformas de Banking as a Service fornece serviços atrelados a contas de pagamento ou digitais. No entanto, como mencionado anteriormente, o BaaS permite que as empresas selecionem os serviços que desejam oferecer aos seus clientes, considerando as necessidades específicas do seu negócio.
Confira as alternativas disponibilizadas no mercado:
- Conta pagamento;
- Conta digital;
- Emissão de boletos;
- Transferências bancárias;
- Soluções de crédito;
- Sistema de Cashback;
- Empréstimos pessoais;
- P2P (peer-to-peer);
- Recarga de celular;
- Cartão bandeirado, físico ou virtual;
- Saldo e extrato de pagamentos;
- PIX
- Entre outras.
Uma única empresa pode disponibilizar uma variedade de serviços financeiros provenientes de diferentes bancos e fintechs.
Vantagens do BaaS
A tecnologia proveniente do Bank as a Service, traz consigo uma série de facilidades que, por sua vez, refletem em benefícios tanto para as contratantes, quanto para o cliente dessas empresas. Com isso em mente, confira em detalhes, as vantagens que o modelo por fornecer:
Para empresas
- Disponibilidade serviços personalizados: a empresa pode selecionar os serviços mais adequados aos seu público-alvo, o que garante maior efetividade no fornecimento dos serviços, bem como poupa recursos com algo que não teria grande influência. Essa abordagem permite à empresa oferecer soluções financeiras que correspondam precisamente às suas preferências e objetivos, resultando em uma experiência do cliente mais envolvente e satisfatória;
- Mais praticidade e segurança: o Banking as a Service proporciona às empresas processos completos e integrados, conduzidos de forma totalmente online, trazendo consigo o benefício da simplicidade tecnológica. Tal possibilidade, acrescenta uma camada adicional de segurança ao processo, garantindo que as operações financeiras sejam realizadas de forma confiável e eficiente.
- Melhora nas operações: o Banking as a Service oferece oportunidades de negócios, rentabilidade e eficiência operacional para empresas de diversos setores.Além disso, permite o desenvolvimento de infraestrutura tecnológica, sem gerar preocupações com regulamentações e normas rígidas;
- Atração e retenção de clientes: facilidades e vantagens nas transações é um elemento fundamental para elevar o relacionamento entre cliente e instituição a um nível superior. A tecnologia do BaaS viabiliza que as empresas forneçam serviços de forma simples e prática, proporcionando uma experiência de compra mais completa e conveniente. Esse processo pode resultar em uma maior retenção de clientes, uma vez que eles tendem a valorizar e preferir estabelecimentos que oferecem praticidade e eficiência em suas interações comerciais.
Para clientes
- Conveniência: os clientes podem ter acesso a uma ampla gama de serviços financeiros diretamente no aplicativo da empresa. Isto poupa tempo, uma vez que a possibilidade, consequentemente, dispensa a necessidade de acessar um app bancário, de se deslocar a uma agência física;
- Segurança: considerando que os serviços disponibilizados para contratação são desenvolvidas por bancos devidamente regulamentados, as plataformas de BaaS contam com medidas robustas de segurança cibernética para proteger as informações financeiras dos clientes, garantindo transações seguras e protegidas contra fraudes e outros de natureza semelhante;
- Variedade: certamente, a possível variedade de serviços financeiros oferecidos por uma empresa é uma das vantagens para o cliente. Isso ocorre porque proporciona ao cliente o poder de escolha, permitindo-lhe selecionar os produtos que realmente atendem às suas necessidades.
Open banking, open finance e BaaS: Qual é a relação?
Open Banking, Open Finance e Banking as a Service (BaaS) representam abordagens inovadoras no setor financeiro, cada uma com seu próprio foco e objetivo distintos, mas inter-relacionados.
O Open Banking, revoluciona a maneira como os clientes compartilham seus dados bancários entre instituições financeiras. Com a autorização expressa do titular da conta, as movimentações financeiras e registros monetários podem ser acessados por outras instituições além daquela com a qual o cliente tem um relacionamento oficial.
A evolução natural desse conceito é o Open Finance. Com a reformulação no nome, a abrangência se expande além das transações bancárias tradicionais para incluir outros produtos financeiros como seguros, câmbio e empréstimos. Isso significa que mais dados e soluções financeiras estão disponíveis para os clientes, permitindo uma personalização ainda maior dos serviços e produtos oferecidos.
Enquanto isso, o Banking as a Service (BaaS) oferece uma perspectiva diferente, ao viabilizar que empresas não financeiras ofereçam produtos e serviços financeiros por meio de parcerias com instituições bancárias. Isso permite a expansão dos serviços financeiros para além do setor bancário tradicional, fornecendo conveniência e acesso a um público mais amplo.
Portanto, embora cada um desses conceitos tenha seus próprios princípios e aplicações específicas, todos convergem para a abertura do sistema financeiro, promovendo a concorrência e a inovação.
Perspectivas e desafios para o uso do BaaS
Apesar de trazer consigo uma ideia inovadora, pode-se destacar alguns desafios que podem ser pertinentes às empresas que operam com plataformas BaaS. Dentre os aspectos capazes de representar obstáculos, estão possíveis aumentos nas ocorrências de fraudes.
Para instituições do setor financeiro, fraudes já representam um problema usual, ou seja, algo que estas organizações estão acostumadas a lidar, diferentemente de empresas pertencentes a outros setores. Embora possuam expertise em seus respectivos campos, essas empresas podem não estar familiarizadas com as melhores práticas e tecnologias de segurança financeira.
Outra questão semelhante que merece destaque, está atrelada ao comportamento do cliente. Em suma, as empresas que começaram a utilizar Banking as a service, podem conhecer as características do seu público-alvo, porém, ainda precisam analisar a relação destes com serviços financeiros.
Essa compreensão vai além do simples conhecimento demográfico; requer uma análise profunda e contínua do comportamento do cliente ao lidar com questões financeiras.