American Depositary Receipts (ADRs): saiba o que são e como investir
Se você busca uma forma de investir no exterior, deve conhecer os American Depositary Receipts (ADRs). Eles são certificados de depósito de empresas brasileiras que são negociadas nas bolsas dos Estados Unidos, tanto NYSE quanto Nasdaq.
Portanto, essa é uma forma de saber como investir em ações. No entanto, como você não adquire os ativos de forma direta, é importante conhecer os detalhes dos ADRs e verificar suas vantagens. Afinal, essa pode ser uma forma de diversificar seu portfólio e potencializar sua rentabilidade.
Então, que tal saber mais sobre os ADRs? Neste post, vamos apresentar as principais informações para você entender o conceito e como investir nesse produto financeiro. Continue lendo e entenda!
O que são ADRs?
Os ADRs são certificados de ações emitidos por bancos dos Estados Unidos, mas com lastro nos valores mobiliários de empresas de outros países, inclusive brasileiras.
Por isso, a negociação ocorre em dólar, nas bolsas americanas. O pagamento de dividendos, a compra e venda de ativos acontece de maneira regular, assim como em outras modalidades.
Esse produto financeiro foi criado ainda em 1927 para facilitar o investimento dos americanos em ações de empresas do exterior. Assim, deixava de ser necessário lidar com diferenças regulatórias e taxas de câmbio.
Porém, essa também é uma possibilidade para você fazer a diversificação de investimentos. Ao longo deste post, entenderemos por quê.
O útil é saber que você pode ir além dos produtos financeiros disponíveis na bolsa de valores do Brasil. Isso sem precisar de muita burocracia. Porém, é necessário cuidar com uma possível dupla taxação. Sem contar que existe uma limitação na quantidade de opções disponíveis.
De toda forma, vale a pena saber que as empresas de capital aberto brasileiras que emitem esses certificados são regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Elas também sofrem supervisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Agora, você deve estar se perguntando: vale a pena uma companhia brasileira emitir um ADR? Na verdade, sim. Essa é uma forma de captar recursos em dólar no mercado americano. Ao mesmo tempo, garante mais liquidez na negociação, justamente por estar em uma bolsa bem consolidada.
Como funcionam as ADRs?
As ADRs funcionam como uma ferramenta para investidores que operam nas bolsas dos EUA adquirirem ações de empresas estrangeiras com facilidade. Assim, eles compram os recibos que representam os ativos efetivamente emitidos pelas companhias.
O processo de negociação é realizado por meio de um home broker de uma corretora de valores, com a intermediação de uma instituição americana.
Para entender melhor esse processo, veja como um American Depositary Receipt é emitido. O passo a passo é o seguinte:
- as ações de uma empresa brasileira são adquiridas por um banco nacional, que fica com a custódia desses ativos;
- uma instituição financeira dos EUA compra essas ações custodiadas pelo banco brasileiro. Isso é feito em grande quantidade e relativo a diferentes países;
- a instituição americana agrupa esses ativos em lotes e emite os ADRs, transformando as ações. A partir disso, esse banco dos EUA é responsável por intermediar os recibos e circulá-los;
- os ADRs são lançados em uma bolsa americana para negociação.
Para que todo esse processo seja transparente, as empresas estrangeiras precisam fornecer informações financeiras detalhadas em inglês. Isso traz mais segurança para os investidores. A partir de seu lançamento na bolsa, a operação de compra e venda ocorre como o de uma ação normal, via home broker.
Tanto o pagamento de dividendos quanto o valor relativo à venda de um American Depositary Receipt é feito em dólar. Por isso, considerar esse produto financeiro é um bom negócio para quem deseja potencializar a rentabilidade e viver de rendimentos.
Vale a pena destacar, ainda, que a compra desse produto financeiro assegura os mesmos benefícios econômicos obtidos pelos investidores que adquirem ações de forma direta.
Outro detalhe é que existe uma proporção entre os ADRs e os ativos que servem de lastro. Pode ser de 1:1 ou para mais de 1 ou menos de 1. De toda forma, essa relação é conhecida como ADR ratio.
Quais são os tipos de ADRs?
Os tipos de ADRs são:
ADR Patrocinado
É aquele em que a empresa emissora das ações no Brasil — ou em outro país estrangeiro — entra em consenso com a instituição financeira depositária americana. Assim, fornece informações transparentes e seguras para fazer a venda dos ADRs no mercado dos EUA.
Por sua vez, o banco americano tem a responsabilidade de ofertar os American Depositary Receipts, manter seu registro, distribuí-los aos investidores, repassar dividendos etc. Por isso, os ADRs patrocinados podem ser listados nas bolsas de valores americanas.
Para ter acesso a esse acordo legal, a empresa estrangeira paga os custos da emissão do recibo depositário e mantém o controle sobre ele. No entanto, o resto é feito pela instituição financeira. Ou seja, o banco cuida de toda a transação feita com os investidores.
A classificação do ADR patrocinado depende do nível da companhia emissora nas regulações da Securities and Echange Comission (SEC) e dos procedimentos de contabilidade americanos.
ADR não patrocinado
É o recibo depositário cuja empresa estrangeira não interfere nas negociações. Ou seja, ela não tem participação direta ou envolvimento e o ADR pode ser emitido mesmo sem sua permissão. Com isso, diferentes bancos americanos podem criar esses certificados partindo de uma mesma companhia.
Assim, o pagamento de dividendos pode variar de um para outro. Além disso, o registro na SEC deixa de ser exigido. Essa falta de regulamentação faz com que os ADRs não patrocinados sejam negociados exclusivamente no mercado de balcão.
Esses dois tipos de recibos depositários americanos têm relação com o modo de operação e a transparência das negociações. Por isso, o modelo mais comum é o patrocinado. No entanto, dentro dessas categorias existem diferentes níveis de ADRs, como veremos em seguida.
Qual é o nível das ADRs?
O nível das ADRs pode ser:
ADR patrocinado nível 1
Consiste no nível mais baixo de emissão de um ADR. Por isso, costuma ser adotado para empresas que não se qualificam para os outros níveis ou não querem ter títulos listados nas bolsas dos EUA.
A negociação é realizada somente no mercado de balcão, porque se exige o cumprimento apenas dos requisitos mínimos da SEC. Por exemplo, as empresas estão desobrigadas de apresentarem relatórios anuais ou quadrimestrais.
Ainda assim, é preciso que a companhia esteja listada em uma ou mais bolsas mundiais, especificamente do país de origem. É interessante observar que ela pode mudar de nível, desde que esteja preparada para negociar pelas bolsas americanas.
Dessa forma, o nível 1 é mais utilizado para marcar presença, mas não para aumentar o capital. As operações costumam ser muito especulativas, sendo que o risco corrido pelos investidores é maior. Por outro lado, é uma forma barata e eficiente da empresa estrangeira avaliar o possível interesse dos investidores nos seus títulos.
ADR patrocinado nível 2
Há um nível maior de regulamentação e de presença nas bolsas dos EUA, mas a empresa precisa solicitar uma declaração de registro na SEC. Ela também deve preencher o formulário 20-F, de acordo com os padrões do Generally Accepted Accounting Principles (GAAP) e do International Financial Reporting Standards (IFRS).
Caso a empresa deixe de cumprir essas exigências, ela deixará de ser listadas ou será rebaixada para o nível 1. Aqui, vale mencionar que o aumento de capital ainda não é um objetivo.
ADR patrocinado nível 3
É o nível mais qualificado, quando um emissor lança uma oferta pública de American Depositary Receipts em uma bolsa americana. Permite ganhar relevância e conseguir capital para a empresa estrangeira. Por outro lado, ela deve cumprir todas as exigências da SEC.
Assim, precisa preencher os formulários F-1 e o 20-F, de acordo com os padrões do GAAP e o IFRS. Além disso, os materiais distribuídos aos acionistas no país de origem da empresa emissora devem ser submetidos ao formulário 6-K da SEC.
Qual a diferença entre ADR e BDR?
A diferença entre ADR e BDR reside no mercado de atuação. O primeiro é um recibo depositário de empresas brasileiras e de outros países que negociam nas bolsas de valores dos EUA.
Por sua vez, o segundo é um certificado de empresas de qualquer nação do mundo que realizam suas operações na B3, a bolsa de valores do Brasil. Portanto, o funcionamento é semelhante.
Tanto ADRs quanto BDRs podem ter empresas emissoras de diferentes países. No entanto, no American Depositary Receipt, a companhia não pode ser dos EUA. Já no Brazilian Depositary Receipt, não pode ser do Brasil.
Portanto, você pode comprar qualquer um desses produtos financeiros. Contudo, os recibos americanos estão disponíveis em corretoras dos EUA e os brasileiros são oferecidos nas instituições do Brasil.
O que são ADR patrocinado e ADR não patrocinado?
ADR patrocinado e ADR não patrocinado são tipos de recibos de depósitos.
- ADR patrocinado: a empresa trabalha junto com o banco americano que faz a guarda dos títulos. Por isso, existe uma responsabilidade compartilhada;
- ADR não patrocinado: a companhia estrangeira não interfere na negociação. Tudo é feito pela instituição financeira.
Como os valores dos ADRs são definidos?
Os valores dos ADRs são definidos para representar as ações subjacentes em uma base de 1 para 1, fração de um ativo ou várias ações da empresa emissora.
A razão utilizada (ratio) é definida pela instituição financeira americana em uma proporção que considera o país de origem da companhia e o nível de atratividade dos investidores.
Isso porque, se for muito alto, vai dissuadir quem busca comprar esse produto financeiro. Por outro lado, se for muito baixo, é possível que o investidor pense que é uma operação arriscada, semelhante a penny stocks.
De modo geral, o preço de um recibo depositário fica próximo ao da ação da empresa emissora das ações. O motivo é a arbitragem, isto é, a compra e a venda simultânea do ativo em mercados diferentes.
Quais são as taxas e os custos dos ADRs?
As taxas e os custos dos ADRs são relativos à custódia, conversão de moeda e impostos estrangeiros. Assim, o banco americano que armazena os recibos cobra um valor para criar e emitir os American Depositary Receipts.
Essa quantia varia conforme a instituição financeira. Por sua vez, o pagamento de dividendos é líquido de despesas cambiais e tributação. Geralmente, o banco retém na fonte a quantia necessária para esses gastos.
É importante reforçar que a taxa de custódia está estabelecida no prospecto do American Depositary Receipt. Normalmente, ela varia de 1% a 3% por ação. Ela pode ser repassada para a corretora de investimentos ou deduzida dos dividendos.
Já em relação à retenção na fonte para cobrir custos e impostos estrangeiros, os investidores americanos devem buscar o respectivo crédito do Departamento de Receita Federal (IRS). Outra opção é conseguir um reembolso da autoridade de impostos do governo estrangeiro para evitar a duplicidade na cobrança.
Como funciona o índice de ADRs brasileiras?
O índice de ADRs brasileiras funciona como o Ibovespa. Assim, analisa a performance média dos principais recibos depositários brasileiros listados nas bolsas dos EUA. Na realidade, existe mais de um indicador que cumpre essa função, sendo um dos principais é o S&P Brazil ADR Index, mensurado pela S&P Dow Jones Indices.
Esse indexador é rebalanceado 4 vezes ao ano, em março, junho, setembro e dezembro. Em abril de 2023, 29 empresas compõem esse índice, com uma capitalização média de mercado de US$ 11.901,84 milhões. Os dados são da S&P Dow Jones Indices.
Ainda tem o Dow Jones Brazil Titans 20 ADR Index. Esse é um dos mais antigos e conhecidos, abrangendo as 20 maiores ações que apresentam mais liquidez no mercado e são negociadas também como ADRs.
Nesse caso, a frequência de rebalanceamento é anual. Ela ocorre somente em setembro. A capitalização média de mercado desse indicador é de US$ 15.416,88 milhões, em abril de 2023.
Quais são as vantagens e os riscos dos ADRs?
As vantagens e os riscos dos ADRs são:
Vantagens
- Facilidade de rastreamento e negociação.
- Disponibilidade em home brokers.
- Rentabilidade em dólares.
- Diversificação da carteira de investimentos, inclusive no âmbito geográfico.
- Redução de custos e burocracia para investidores americanos.
- Segurança jurídica, porque as empresas estrangeiras se submetem à legislação financeira dos EUA.
- Acesso ao maior mercado financeiro do mundo.
- Mais capacidade de captação de recursos.
Riscos
- Possibilidade de dupla taxação devido ao envolvimento de dois países.
- Seleção limitada de empresas.
- Falta de compliance pelas empresas que emitem ADRs não patrocinados.
- Pagamento de taxas de conversão cambial.
- Instabilidade do governo do país da empresa emissora, o que gera risco político.
- Impacto na rentabilidade devido à variação cambial.
- Possibilidade da inflação corroer o rendimento obtido.
Como investir em American Depositary Receipts?
Para investir em American Depositary Receipts, você precisa operar no mercado dos EUA. Ou seja, é necessário ter uma conta em uma corretora de investimentos do país. Assim, é preciso fazer o seu cadastro e enviar os documentos solicitados. A partir disso, é necessário fazer uma remessa internacional para adquirir os ADRs.
Porém, essa medida é um bom negócio somente para quem atua com a estratégia de arbitragem. Ou seja, quando ocorre uma diferença de preços entre os recibos depositários e as ações da B3.
Outra possibilidade é investir em BDRs, que permitem que você aloque seu capital em recibos depositários de empresas americanas. Ou seja, é o movimento contrário, ainda que o funcionamento seja bastante semelhante.
Dessa forma, você também expõe seu capital a uma diversificação geográfica e pode até fazer hedge. Afinal, essa também é uma forma de saber como investir em dólar, já que os Brazilian Depositary Receipts estão atrelados à moeda americana.
Para isso, você precisa fazer uma conta em uma assessoria de investimentos confiável. Assim, terá todas as informações disponíveis e poderá tomar as decisões certas para construir o seu patrimônio.
Portanto, você pode saber o que são American Depositary Receipts (ADRs) e adquirir esse produto financeiro. Porém, é importante se abrir para outras possibilidades. Isso porque o mercado financeiro é amplo e tem várias oportunidades disponíveis.
Então, que tal começar a investir? Conheça a InvestSmart e seu atendimento personalizado para contribuir com a formação do seu portfólio de investimentos.