Com 2,7 milhões de investidores pessoas físicas atualmente, os fundos imobiliários costumam ser a porta de entrada na renda variável dado a menor volatilidade das cotas, a familiaridade do brasileiro com investimento em imóveis e, principalmente, pelo pagamento de dividendos mensais. Muito se fala sobre os prós e contras de se investir nessa classe de ativos, porém pouco se fala sobre a importância do reinvestimento dos dividendos recebidos. 

Quando os investidores optam por reinvestir os dividendos distribuídos pelos fundos imobiliários, estão essencialmente reinvestindo seus ganhos de forma a adquirir mais cotas do fundo. Esse ciclo de reinvestimento pode resultar em um efeito multiplicador significativo sobre a renda passiva ao longo do tempo. Quanto mais cotas forem adquiridas, maiores serão os dividendos recebidos, criando um ciclo virtuoso de crescimento patrimonial.

Para que o reinvestimento seja eficaz, é fundamental manter uma abordagem disciplinada e consistente ao longo do tempo. Mesmo em períodos de volatilidade ou menores retornos, continuar reinvestindo os dividendos pode ajudar a construir um patrimônio sólido e resiliente ao longo dos anos. É importante lembrar que o sucesso do reinvestimento está na sua constância. Mesmo pequenas quantias reinvestidas regularmente podem se transformar em uma quantia mais significativa no longo prazo, graças ao poder dos juros compostos. 

Importante ressaltar que, supondo que o investidor tenha uma carteira diversificada de fundos imobiliários, o reinvestimento não precisa ser necessariamente no mesmo ativo que pagou o provento, e sim na melhor oportunidade do momento, mas isso é tema para uma outra coluna.

Para exemplificar, montamos uma carteira teórica ponderada¹ com 10 dos fundos mais antigos e relevantes do IFIX (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários) e analisamos o retorno desde outubro de 2016. Desde o início, considerando valorização das cotas e reinvestimento dos proventos, o retorno dessa carteira foi de 125,6%. Entretanto, quando analisamos o mesmo período, porém sem o reinvestimento dos dividendos, o retorno cai para 87,0%, conforme demonstrado no gráfico abaixo:

Nota: 1. Por valor de mercado

Tendo isso em vista, com base no exemplo acima, outra conclusão faz-se necessária e é importante para o investidor com mentalidade de longo prazo. O reinvestimento dos dividendos é feito com base no método de “dollar cost averaging” que é alcançado comprando quantias de investimentos similares em intervalos regulares. Isso aproveita as quedas e oscilações no preço dos ativos e significa que um investidor não precisa se preocupar em comprar toda a sua posição no topo ou vale do mercado. Esse método é ideal para investidores passivos e os liberta da responsabilidade de escolher quando e a que preço comprar suas posições. Obviamente, vale ressaltar que os ativos podem perder fundamentos ou atingir preço estratosféricos ao longo do período de vida do fundo, e nesse caso não é recomendado o reinvestimento.

Conclusão: qual a importância de reinvestir dividendos em fundos imobiliários?

Em resumo, o reinvestimento dos dividendos em fundos imobiliários é uma estratégia essencial para investidores que buscam crescimento patrimonial a longo prazo. O exemplo apresentado, que mostra um aumento substancial no retorno quando os dividendos são reinvestidos, destaca a importância desta prática. A abordagem de “dollar cost averaging” proporciona uma maneira disciplinada de investir, permitindo aos investidores comprar cotas em diferentes momentos e reduzir os riscos associados às flutuações do mercado, sem ter a pretensão de acertar o “timing perfeito”.

A consistência e a disciplina são fundamentais para o sucesso dessa estratégia, mesmo em tempos de volatilidade. Continuar reinvestindo os dividendos ajuda a fortalecer o patrimônio e a garantir um fluxo contínuo de renda passiva. No entanto, é crucial que os investidores se mantenham atentos e revisem regularmente a performance e os fundamentos dos fundos, evitando reinvestir em ativos que possam ter perdido sua atratividade.

Portanto, com uma carteira diversificada e uma abordagem disciplinada de reinvestimento, os investidores podem transformar pequenas quantias em um patrimônio significativo ao longo dos anos, aproveitando o poder dos juros compostos e garantindo um crescimento patrimonial consistente e robusto.

Ricardo Mateoli

Colunista de mercado imobiliário no Melhor Investimento. Formado em Administração de Empresas pelo Insper, possui Certificação de Gestores da ANBIMA (CGA) e é administrador de carteiras autorizado pela CVM. É Sócio e responsável pela gestão dos fundos imobiliários da Paramis Capital. Trabalhou no Banco Plural, onde foi responsável pela gestão dos fundos imobiliários de papel (CRI) e também atuou na área de produtos estruturados/investment banking, focado no setor imobiliário. E também atuou na criação de novas teses de investimentos no setor imobiliário na M3 Capital Partners.