OpenAI não lucrará até 2030 e precisará de US$ 207 bilhões para crescer

O HSBC projeta que a OpenAI não será lucrativa até 2030 e precisará de US$ 207 bilhões para sustentar sua expansão de data centers e computação em nuvem.

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02 de dez, 2025 às 07:30
O logotipo e o nome 'OpenAI' em branco exibidos na tela escura de um celular ou dispositivo, posicionado sobre um teclado de computador com iluminação em tons de roxo e rosa. Foto: REUTERS/Dado Ruvic

A OpenAI não lucrará até 2030, segundo projeções do banco de investimento HSBC, e precisará de pelo menos US$ 207 bilhões para manter a expansão de seus data centers e a capacidade de computação necessária para o ChatGPT. Apesar do crescimento exponencial da base de usuários e da relevância global da inteligência artificial, a empresa ainda enfrenta desafios financeiros significativos para transformar seu sucesso tecnológico em lucro sustentável.

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De acordo com o HSBC, a OpenAI seguirá no vermelho até o final da década, mesmo com a previsão de que sua base de consumidores cresça de 10% da população adulta mundial em 2025 para 44% em 2030. O fluxo de caixa livre acumulado continuará negativo, criando uma lacuna de financiamento de US$ 207 bilhões (aproximadamente R$ 1,1 trilhão).

O relatório do HSBC detalha que os custos de infraestrutura da OpenAI entre 2025 e 2030 devem atingir US$ 792 bilhões, enquanto compromissos totais de computação até 2033 podem alcançar US$ 1,4 trilhão. Apenas o aluguel de data centers deve somar cerca de US$ 620 bilhões, refletindo a escala massiva necessária para suportar o ChatGPT e outros modelos de inteligência artificial.

Segundo especialistas, a OpenAI projeta atingir 36 gigawatts de poder computacional até o final da década, energia suficiente para abastecer aproximadamente 27 milhões de residências — um consumo comparável a estados como Texas e Flórida nos Estados Unidos.

Estratégias para gerar receita e captar investimentos

Para fechar essa lacuna financeira, a OpenAI firmou compromissos de longo prazo com grandes provedores de nuvem, incluindo US$ 250 bilhões com a Microsoft e US$ 38 bilhões com a Amazon, embora sem novas injeções de capital.

O HSBC destaca que a empresa pode recorrer a algumas estratégias, como:

  • aumentar a proporção de assinantes pagos de 10% para 20%, o que poderia gerar até US$ 194 bilhões adicionais;
  • capturar parte dos gastos com publicidade digital;
  • extrair eficiências extraordinárias nas operações de computação.

Mesmo com cenários otimistas de monetização e conversão de usuários, o banco alerta que será necessário novo capital após 2030, seja por meio de investimentos adicionais, emissão de dívida ou estratégias inovadoras de geração de receita.

Riscos do modelo de negócio da OpenAI

O HSBC e especialistas do setor apontam diversos riscos para o futuro da OpenAI. Entre eles estão:

  • Modelos de receita ainda não testados, especialmente a monetização de assinaturas e publicidade digital;
  • Saturação do mercado de assinaturas de IA, à medida que mais concorrentes entram no setor;
  • Regulamentação e fiscalização crescente, que podem limitar o crescimento e a liberdade operacional;
  • Escala colossal de investimentos, que depende da disponibilidade contínua de capital de investidores e parceiros estratégicos.

Além disso, a estratégia da OpenAI segue um modelo asset-heavy, com forte dependência de hardware físico, como data centers, diferentemente de outras empresas de tecnologia que operam asset-light. Isso aumenta os riscos financeiros e torna a sustentabilidade do crescimento mais desafiadora.

Contexto tecnológico e econômico

Embora a inteligência artificial seja considerada um “megaciclo” de tecnologia, especialistas observam que os ganhos de produtividade podem não se materializar de forma imediata ou significativa. O HSBC cita a famosa frase do vencedor do Nobel Robert Solow, sobre como a era do computador é visível em todos os lugares, exceto nas estatísticas de produtividade.

Alguns economistas, como Jason Furman, apontam que, sem data centers, o impacto do crescimento econômico teria sido marginal em 2025. Por outro lado, especialistas do Bank of America destacam que a IA pode gerar mudanças de produtividade ao substituir processos manuais, mas que esses efeitos ainda não estão consolidados.

A OpenAI, portanto, desafia o mercado ao perguntar quanto tempo o crescimento pode ser sustentado pela expectativa de retornos futuros, mesmo diante de uma revolução tecnológica que ainda não garantiu ganhos consistentes de produtividade.

Perspectivas e desafios futuros

A sobrevivência da OpenAI depende de parceiros estratégicos como Microsoft e Amazon, que não apenas fornecem infraestrutura de nuvem, mas também atuam como investidores importantes. Outros players, como Oracle, Nvidia e AMD, também têm interesse direto no sucesso da empresa.

No entanto, os analistas alertam que o caminho à frente é desafiador. A necessidade de capital bilionário contínuo, aliada a riscos regulatórios e à concorrência crescente no setor de IA, coloca a OpenAI em um cenário de alta complexidade financeira e operacional, mesmo com o sucesso estrondoso do ChatGPT no mercado global.

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