Coparticipação em planos de saúde: conheça as normas e benefícios fiscais

Descubra como funciona a coparticipação nos planos de saúde e quais benefícios fiscais ela pode trazer para você.

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Última atualização:  27 de ago, 2025 às 19:06
Formulário de seguro saúde com estetoscópio e dinheiro, representando coparticipação em planos de saúde. Imagem: Envato Elements

Quando o assunto é saúde, qualquer economia é bem-vinda, especialmente em um cenário de custos hospitalares cada vez mais altos e mensalidades de convênios que pesam no orçamento das famílias. Como alternativa, ganha espaço o modelo de coparticipação em planos de saúde, um formato que promete reduzir o valor mensal pago pelos beneficiários, mas que também exige atenção redobrada às regras e limites estabelecidos pela legislação.

Nos últimos anos, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e decisões judiciais do STJ (Superior Tribunal de Justiça) trouxeram mudanças significativas nesse modelo. Além disso, há discussões sobre os efeitos fiscais e financeiros dessa prática, tanto para os consumidores quanto para as próprias operadoras de saúde. Entenda no Melhor Investimento!

O que é coparticipação em plano de saúde?

De forma simples, coparticipação é quando o beneficiário de um plano de saúde paga uma mensalidade reduzida, mas arca com uma parte dos custos sempre que utiliza determinados serviços médicos.

Funciona como um modelo de compartilhamento: a operadora assume parte da despesa, e o usuário contribui com uma fração fixa ou percentual. Isso significa que a mensalidade com coparticipação tende a ser menor, mas há cobrança extra em consultas, exames, internações e até mesmo terapias contínuas.

Esse sistema tem como objetivo:

  • Tornar os planos mais acessíveis financeiramente;
  • Evitar o uso indiscriminado dos serviços de saúde;
  • Distribuir os custos de maneira mais equilibrada entre operadora e usuário.

É importante entender que, embora o modelo possa reduzir o valor fixo pago todo mês, ele cria uma despesa variável que muda conforme a frequência de uso. Portanto, antes de contratar, é essencial conhecer o que é coparticipação em plano de saúde e avaliar se faz sentido para o seu perfil.

Plano de saúde com coparticipação: vantagens e desvantagens

Como em qualquer modalidade financeira, há pontos fortes e fracos que precisam ser considerados.

Vantagens

  1. Mensalidade mais baixa: um dos maiores atrativos é a economia mensal. Enquanto um plano sem coparticipação pode custar R$ 800,00, a versão com coparticipação pode ficar em torno de R$ 500,00. Essa diferença é significativa no orçamento de famílias e empresas.
  2. Acesso a mais pessoas: muitas empresas optam por essa modalidade para oferecer convênio aos funcionários. Assim, conseguem ampliar o benefício corporativo sem comprometer tanto a folha de pagamento.
  3. Uso racional do sistema: ao saber que cada consulta ou exame terá custo adicional, muitos usuários tendem a utilizar o plano de forma mais consciente, o que ajuda a reduzir desperdícios no sistema de saúde.

Desvantagens

  1. Custo imprevisível: o problema é que nem sempre é possível prever gastos médicos. Um mês com muitos atendimentos pode gerar uma fatura muito maior do que o esperado.
  2. Risco de barreira de acesso: pessoas que precisam de atendimento frequente, como idosos ou pacientes crônicos, podem adiar consultas ou tratamentos com receio de custos adicionais, o que afeta a própria saúde.
  3. Falta de clareza: muitos beneficiários não entendem bem como funcionam os percentuais ou valores fixos cobrados. Isso reforça a importância da transparência em planos de saúde.

Em resumo, o plano de saúde com coparticipação depende muito do perfil de uso de cada pessoa.

Limites da coparticipação segundo ANS e STJ

A regulação existe justamente para evitar abusos e proteger o consumidor.

Regras da ANS

  • Teto de 40%: a operadora pode cobrar até 40% do valor do procedimento. Se uma consulta custa R$ 200,00, o máximo de coparticipação é R$ 80,00.
  • Limite mensal e anual: a soma da mensalidade mais a coparticipação não pode ultrapassar um valor médio que inviabilize o acesso.
  • Exceções: internações de urgência, partos e atendimentos essenciais possuem normas diferenciadas, que restringem cobranças extras.

Interpretação do STJ

O Superior Tribunal de Justiça já reforçou que a coparticipação é legal, mas não pode ser um obstáculo ao direito de acesso à saúde. Isso significa que operadoras não podem usar a modalidade como forma de restringir atendimentos.

Assim, os limites de coparticipação de planos de saúde definidos pela ANS e pelo STJ garantem equilíbrio entre a sustentabilidade financeira e a proteção dos consumidores.

Transparência em planos de saúde: um direito essencial

Um dos pontos mais sensíveis no debate é a falta de clareza. Muitos contratos trazem informações técnicas e pouco compreensíveis para o consumidor médio.

A ANS exige que as operadoras apresentem:

  • Tabelas detalhadas com os percentuais aplicados;
  • Exemplos práticos de cálculos, mostrando como fica o valor final;
  • Clareza nos limites de cobrança, para que o usuário saiba o máximo que pode gastar por mês.

A transparência em planos de saúde não é apenas uma exigência legal, mas um fator de confiança no relacionamento entre cliente e operadora. Para quem lida com finanças pessoais, essa previsibilidade é fundamental para planejamento do orçamento.

Impactos fiscais e benefícios tributários da coparticipação

Aqui entra um ponto muitas vezes esquecido pelos usuários, mas extremamente relevante para quem se preocupa com finanças e investimentos: os efeitos fiscais da coparticipação.

Todas as despesas médicas pagas por pessoas físicas, inclusive aquelas referentes à coparticipação em planos de saúde, podem ser deduzidas do Imposto de Renda, desde que devidamente comprovadas por recibos emitidos pela operadora ou pelo prestador do serviço.

Esse ponto representa um benefício fiscal relevante, pois reduz a base de cálculo do IR e, consequentemente, o valor do imposto a ser pago.

Já para as empresas, o gasto com planos de saúde é considerado uma despesa operacional dedutível, e isso inclui os convênios com coparticipação. Dessa forma, os valores podem ser abatidos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, contribuindo para o planejamento tributário corporativo.

No entanto, existem riscos que precisam ser considerados. No caso das famílias, o custo variável pode ser maior do que o previsto, principalmente quando há uso intenso do plano, tornando o orçamento mensal imprevisível.

Já para as empresas, a dificuldade está em mensurar de forma precisa o impacto financeiro, uma vez que a despesa muda a cada mês conforme a utilização dos beneficiários.

Em resumo, do ponto de vista tributário, a coparticipação pode ser positiva, mas exige organização e registro adequado das despesas.

Mudanças recentes na legislação

O modelo de coparticipação é alvo constante de debates no Brasil.

Em 2018, a ANS publicou a Resolução Normativa nº 433, estabelecendo as regras de cobrança, os percentuais máximos e a obrigação de transparência. No entanto, após críticas de órgãos de defesa do consumidor, parte da norma precisou ser ajustada.

Desde então, o tema voltou ao Congresso Nacional em diversas propostas de lei e continua sendo analisado pelo STJ em situações específicas, como internações prolongadas ou tratamentos contínuos.

Ou seja, a legislação ainda está em movimento, e quem contrata um plano deve estar atento às atualizações.

Exemplos práticos: como funciona na mensalidade

Para entender melhor, vejamos três cenários:

Usuário com baixa utilização

No caso de um usuário com baixa utilização do plano de saúde, a diferença entre as modalidades é bastante favorável. Enquanto no plano tradicional sem coparticipação a mensalidade seria de R$ 800,00, no modelo com coparticipação o valor cai para R$ 500,00.

Supondo que essa pessoa utilize apenas uma consulta no mês, ao custo de R$ 200,00, a cobrança de 20% na coparticipação acrescentaria R$ 40,00 à fatura. Assim, o gasto total seria de R$ 540,00, gerando uma economia de R$ 260,00 em relação ao plano tradicional.

Usuário com uso moderado

Para quem faz um uso moderado do plano, o modelo com coparticipação também pode ser vantajoso. Imagine um beneficiário que no mês realizou duas consultas médicas e um exame.

Considerando a coparticipação de R$ 80,00 pelas consultas e R$ 90,00 pelo exame, o acréscimo ao valor da mensalidade seria de R$ 170,00.

Nesse cenário, o custo total seria de R$ 670,00 (R$ 500,00 da mensalidade mais R$ 170,00 de coparticipação), o que ainda sai mais barato do que os R$ 800,00 de um plano tradicional sem coparticipação.

Usuário com uso intenso

Já no caso de um usuário que utiliza o plano de forma intensa, o modelo de coparticipação pode deixar de ser vantajoso.

Imagine uma pessoa que, no mesmo mês, precisou de cinco consultas médicas e três exames. Nesse cenário, o valor da coparticipação chegaria a aproximadamente R$ 600,00, o que somado à mensalidade de R$ 500,00 resultaria em um custo final de R$ 1.100,00.

Nesse caso, o gasto seria maior do que o valor fixo de R$ 800,00 do plano tradicional, mostrando que, para perfis com alto uso de serviços médicos, a modalidade sem coparticipação tende a ser mais indicada.

Esse exercício mostra como a decisão depende do perfil de saúde e de uso do beneficiário.

Coparticipação e a percepção de valor no mercado

Para o mercado financeiro, a coparticipação é uma alternativa para manter o equilíbrio econômico do setor de saúde suplementar.

As operadoras enxergam o modelo como forma de reduzir a sinistralidade, já que usuários pagam parte dos custos. Já para os consumidores, é uma oportunidade de acessar planos com preços mais baixos.

No entanto, a sustentabilidade do sistema depende de três pilares:

  1. Regulamentação adequada;
  2. Informação clara ao consumidor;
  3. Fiscalização contra abusos.

Se bem aplicada, a coparticipação pode ajudar a equilibrar os custos crescentes da saúde sem prejudicar o acesso.

Exemplo de mercado: Plano de saúde Bradesco

O plano de saúde da Bradesco é um dos mais conhecidos e oferece modalidades com e sem coparticipação.

Quando se busca informações sobre preços do plano de saúde da Bradesco, é comum perceber que a versão com coparticipação sai mais barata na mensalidade, mas exige atenção redobrada ao contrato.

Entre os pontos que diferenciam os planos do Bradesco estão:

  • Variedade de rede credenciada;
  • Serviços digitais de agendamento e telemedicina;
  • Diferenciação clara entre os valores com e sem coparticipação.

Esse exemplo ilustra como grandes operadoras utilizam o modelo para atender diferentes perfis de clientes, desde jovens solteiros até famílias com maior necessidade médica.

Conclusão: vale a pena contratar um plano com coparticipação?

Não existe resposta única. Para quem usa pouco o sistema de saúde, pode ser a melhor forma de economizar. Para quem precisa de atendimento frequente, pode acabar sendo um peso no orçamento.

Por isso, antes de assinar, é fundamental analisar:

  • Histórico de saúde da família;
  • Regulamento do contrato (percentuais, limites, exceções);
  • Possibilidade de dedução fiscal no Imposto de Renda.

No fim, a coparticipação é um modelo que mistura economia, risco e planejamento financeiro. Se usada com consciência e com total transparência em planos de saúde, pode ser vantajosa tanto para o consumidor quanto para o sistema.

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Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.