Argentina pode sabotar iniciativa de Lula no G20 ao rejeitar taxação de grandes fortunas
A proposta de taxação das grandes fortunas, uma das principais bandeiras do governo Lula no G20, enfrenta resistência da delegação argentina, que pode comprometer a aprovação da medida.

A cúpula do G20, que ocorrerá nos dias 18 e 19 de novembro, está sendo marcada por tensões diplomáticas, especialmente no que diz respeito à proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de taxar as grandes fortunas globalmente. Uma reviravolta inesperada ocorreu quando a delegação da Argentina se opôs à proposta de taxação das grandes fortunas, uma medida que já havia sido previamente acordada entre os países participantes. Esse gesto dos argentinos gerou preocupação no governo brasileiro, que agora vê o risco de a proposta ser derrubada, enfraquecendo um dos principais pontos da agenda do Brasil para a cúpula.
Argentina Questiona Taxação das Grandes Fortunas no G20: O Impacto para o Brasil
Na sexta-feira, 15 de novembro, a delegação da Argentina, que participa das negociações preparatórias no Rio de Janeiro, indicou que não apoia mais a proposta de taxação das grandes fortunas. A taxação de grandes fortunas foi uma das medidas centrais na agenda do Brasil para o G20, sendo vista como um avanço importante para promover uma maior justiça fiscal global. No entanto, essa mudança de postura da Argentina coloca em risco a aprovação dessa medida, que havia sido inicialmente acordada por todos os países participantes.
Para o governo brasileiro, essa oposição argentina é um obstáculo significativo e preocupa membros do Ministério da Fazenda e do Itamaraty, que acreditam que a proposta pode ser descartada se o impasse não for resolvido. De acordo com fontes do governo brasileiro, o movimento da Argentina é considerado uma “linha vermelha” e representa uma ameaça à implementação de uma agenda que inclui uma maior redistribuição de riquezas em escala global.
Oposição Argentina: O Que Motivou a Mudança de Postura?
O negociador argentino, Federico Pinedo, foi flagrado em um telefonema durante a reunião final de sherpas do G20, em que ele se recusou a comentar sobre as objeções levantadas pelo governo de Buenos Aires. Pinedo indicou que a negociação estava longe de ser finalizada e que ainda haveria discussões sobre o tema. Contudo, o tom de resistência ficou claro, especialmente quando ele se referiu à postura argentina como uma tentativa de ser “sério” nas negociações, sugerindo que outros países poderiam não ser tão comprometidos com o processo.
A mudança de posição não é surpresa para muitos observadores da política externa argentina, especialmente considerando o recente enfraquecimento do Ministério das Relações Exteriores sob o governo de Javier Milei. O presidente ultraliberal, que tem adotado uma postura mais rígida em sua diplomacia, tem promovido uma série de mudanças em sua equipe, como a substituição da economista Diana Mondino por Gerardo Werthein, o que tem impactado diretamente as negociações no G20. A recente intervenção na diplomacia argentina reflete a busca de Milei por uma postura mais alinhada com sua agenda econômica e ideológica.
Resistência a Outras Iniciativas do G20: O Que Está em Jogo Além da Taxação?
Além da taxação das grandes fortunas, a Argentina também tem mostrado resistência a outras propostas globais do G20. Uma delas é a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que visa enfrentar a crescente desigualdade social e os desafios globais relacionados à segurança alimentar. Fontes não oficiais indicam que a Argentina ainda não aderiu formalmente ao projeto, o que tem gerado frustração entre os outros países participantes.
Além disso, questões climáticas e de gênero também têm sido fontes de resistência por parte da delegação argentina. Embora o governo de Milei tenha se mostrado receptivo a financiamentos para projetos climáticos, ele tem rejeitado algumas das propostas relacionadas às mudanças climáticas e questões de gênero. A oposição a esses temas reflete uma tentativa do presidente argentino de manter uma postura mais conservadora e alinhada com sua agenda econômica, afastando-se de temas mais progressistas defendidos por outros países, incluindo o Brasil.
Javier Milei no G20: Discursos e Relações Diplomáticas Tensas com Lula
Javier Milei confirmou sua presença na cúpula do G20, onde deverá discursar duas vezes, mas optou por não abordar o tema das mudanças climáticas, que é central para muitos países, incluindo o Brasil. Milei escolherá focar em temas como Fome, Pobreza e Reforma da Governança Global, áreas que considera mais alinhadas com sua agenda ultraliberal.
A relação entre os presidentes Lula e Milei continua tensa, com ambos os líderes mantendo um histórico de desentendimentos públicos e ofensas. Embora Milei tenha solicitado uma reunião bilateral com Lula, até o momento, a reunião não foi agendada. Essa falta de diálogo direto entre os dois líderes, somada ao histórico de confrontos ideológicos, pode complicar ainda mais o avanço de propostas no G20.
O Contexto das Negociações no G20: O Futuro da Taxação e Outras Propostas
Nos dias que antecedem a cúpula do G20, os sherpas dos países participantes estão reunidos no Rio de Janeiro, finalizando os acordos que servirão de base para a Declaração de Líderes do Rio, que será divulgada ao final do evento. As discussões sobre a taxação das grandes fortunas continuam sendo um dos pontos mais controversos, com a Argentina agora se colocando contra a medida. Para o Brasil, a aprovação dessa proposta representa um avanço significativo no combate à desigualdade econômica global.
As negociações de última hora podem ser decisivas para o futuro da proposta. Caso a oposição da Argentina se mantenha, o governo brasileiro precisará buscar alternativas para garantir que a taxação das grandes fortunas seja adotada, o que poderá envolver intensos esforços diplomáticos e concessões em outras áreas. O desfecho dessas negociações será crucial para o sucesso ou fracasso da agenda de Lula no G20.