O minério de ferro enfrenta uma trajetória de declínio acentuada, alcançando seu menor nível em um ano na bolsa chinesa de Dalian. Nesta quinta-feira (05), o contrato futuro mais negociado para janeiro caiu 2,58%, encerrando a 678,5 yuans (US$ 95,58) por tonelada métrica. Esse cenário de baixa pressão sobre os preços tem implicações diretas para a Vale (VALE3), uma das maiores mineradoras do mundo. As ações da Vale já registraram uma queda de 20,5% no acumulado de 2024, o que representa uma parte significativa de 10,8% no Ibovespa. 

Essa redução no valor do minério de ferro reflete uma série de desafios enfrentados pela Vale e pela indústria mineral em geral. A empresa, que depende fortemente do preço do minério de ferro para sua receita, está vendo um impacto negativo em seus resultados financeiros e nas expectativas de crescimento.

A fraqueza nos preços do minério de ferro é exacerbada por dados econômicos recentes da China, que mostram um enfraquecimento na atividade manufatureira e uma desaceleração na expansão do setor de serviços. A China, sendo o maior consumidor mundial de minério de ferro, desempenha um papel crucial na determinação da demanda global pelo produto. A Mysteel e o Hexun Futures relatam que, após uma recuperação inicial na produção siderúrgica, a situação se deteriorou devido à baixa nos lucros.

Com a desaceleração da economia chinesa, as perspectivas de demanda para o minério de ferro tornaram-se mais nebulosas. Dados econômicos recentes, incluindo uma pesquisa que revelou uma queda na atividade manufatureira para uma baixa de seis meses em agosto, aumentaram as preocupações sobre a capacidade de recuperação do setor siderúrgico e, por conseguinte, sobre o minério de ferro.

Previsões dos analistas para o setor:

Bradesco BBI: O Bradesco BBI observa que a produção de aço na China tem mostrado uma tendência de queda nas últimas semanas, enquanto as remessas do Brasil e da Austrália continuam em alta. O banco acredita que a combinação de dados macroeconômicos fracos e uma oferta crescente pode limitar a recuperação dos preços do minério de ferro.

Genial: A Genial aponta que a eficácia das futuras medidas de flexibilização monetária na China é limitada. A análise da Genial sugere que os preços do minério de ferro devem se situar em US$ 98/t para o terceiro trimestre de 2024 e US$ 95/t para o quarto trimestre, refletindo a fraca demanda doméstica e as limitações das políticas monetárias.

BTG Pactual: O BTG Pactual mantém uma visão pessimista sobre o setor de commodities. O banco projeta preços do minério de ferro em US$ 110/t para 2024, US$ 95/t para 2025 e US$ 85/t para 2026. Apesar de reconhecer que o setor está subvalorizado, o BTG permanece neutro em relação à Vale, aguardando mais clareza sobre os riscos e o ambiente macroeconômico antes de fazer alterações significativas em suas recomendações.

Desenvolvimentos positivos:

Vale: Apesar da pressão nos preços, há aspectos positivos para a Vale. A empresa está avançando nas negociações sobre a Samarco e recentemente nomeou um novo CEO, o que é visto como um sinal de fortalecimento da governança corporativa. A XP Investimentos recomenda a compra das ações da Vale, argumentando que a mineradora ainda está sendo negociada com um desconto em relação aos preços spot do minério de ferro, o que pode representar uma oportunidade para investidores.

CSN Mineração: Em contraste com a Vale, a CSN Mineração está negociando com um prêmio em relação aos preços das commodities. A CSN Mineração está atualmente avaliada a US$ 117/t, comparada com US$ 87/t para a Vale, refletindo uma valorização em relação aos preços spot do minério de ferro.